Leonor
- Márcia Montenegro
- 20 de fev. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 21 de fev. de 2020
Ela conseguia estar ainda mais desejável a cada vez que surgia frente a seus olhos, altiva em seus vestidos despretensiosos, com poucos adornos, dos quais o principal era ela própria. Ainda mantinha o hábito de deixar os cabelos soltos, à exceção de duas finas tranças que se encontravam à altura da nuca, servindo de guirlanda natural para os demais cachos espalhados alegres pelos ombros, ao sabor do oscilar feminino cadenciado pelos quadris.
Quando sorria, um sol iluminava o seu rosto, se estreitava os lábios e franzia a testa, surgia nele o ímpeto de acariciar a fronte preocupada para desfazer qualquer mácula de tristeza e vê-la voltar a sorrir. Mas quer fosse na melancolia, quer fosse na alegria, a formosura não a deserdava.
Leonor continuava plena aos seus olhos, infiltrando-se pelos seus sentidos, enraizando-se nele, deixando-o embebido de sua visão e presença. Como um parvo ele a seguia todos os dias, e todas as noites prometia a si mesmo, ultrajado em seu orgulho masculino, deixá-la ir. Porém, humilhado, achava-se, no dia seguinte, sucumbindo à própria fraqueza.
Trecho da obra "A Rosa Silvestre".

Li A Rosa Silvestre pelo menos umas 5 vezes. E a cada leitura, uma nova alegria, uma nova surpresa. Seus textos são cheios de beleza e elegância. Obrigada por compartilhaar sua arte e seu talento com o mundo.