top of page

Leonor

Atualizado: 21 de fev. de 2020

Ela conseguia estar ainda mais desejável a cada vez que surgia frente a seus olhos, altiva em seus vestidos despretensiosos, com poucos adornos, dos quais o principal era ela própria. Ainda mantinha o hábito de deixar os cabelos soltos, à exceção de duas finas tranças que se encontravam à altura da nuca, servindo de guirlanda natural para os demais cachos espalhados alegres pelos ombros, ao sabor do oscilar feminino cadenciado pelos quadris.

Quando sorria, um sol iluminava o seu rosto, se estreitava os lábios e franzia a testa, surgia nele o ímpeto de acariciar a fronte preocupada para desfazer qualquer mácula de tristeza e vê-la voltar a sorrir. Mas quer fosse na melancolia, quer fosse na alegria, a formosura não a deserdava.

Leonor continuava plena aos seus olhos, infiltrando-se pelos seus sentidos, enraizando-se nele, deixando-o embebido de sua visão e presença. Como um parvo ele a seguia todos os dias, e todas as noites prometia a si mesmo, ultrajado em seu orgulho masculino, deixá-la ir. Porém, humilhado, achava-se, no dia seguinte, sucumbindo à própria fraqueza.

Trecho da obra "A Rosa Silvestre".




 
 
 

1 Comment


Isabel Coutinho
Isabel Coutinho
Jun 14, 2020

Li A Rosa Silvestre pelo menos umas 5 vezes. E a cada leitura, uma nova alegria, uma nova surpresa. Seus textos são cheios de beleza e elegância. Obrigada por compartilhaar sua arte e seu talento com o mundo.

Like

SIGA-ME

  • Facebook Social Icon
  • Twitter Social Icon
  • YouTube Social  Icon

© 2023 por SAMANTA JONES Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page